sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Zé Nando


Formado no Penafiel e contratado pelo FC Porto, seria no Paços de Ferreira que Zé Nando teria a oportunidade de singrar na I Liga.
Nas Antas nunca lhe deram a oportunidade de integrar o plantel principal, e emprestaram-no sucessivamente durante três épocas: ao Leça, ao Gil Vicente e ao Paços de Ferreira.
Ao longo de quatro anos, o antigo defesa-esquerdo ajudou os pacenses a consolidarem-se na I Liga, com boas épocas, boas classificações e com vitórias sobre todos os "grandes".
Em 2004, Zé Nando transferiu-se para o Vit. Guimarães, e encerrou aí um ciclo de seis temporadas consecutivas ao mais alto nível, rumando depois ao Chipre, onde esteve três anos.
Terminada a experiência por terras cipriotas, resolveu voltar a casa para acabar onde tinha começado: no Penafiel, que ajudou a subir da II Divisão B para a II Liga.
Com 128 jogos na I Liga, Zé Nando teve o reconhecimento do nosso País quando foi chamado para representar Portugal, por quem soma duas internacionalizações na Seleção B, e esteve, ainda, pré-convocado para a Seleção A.
Atualmente com 41 anos, é diretor-desportivo do Penafiel há cinco temporadas, e é nesta função que pretende continuar no futuro.

Prémio Carreira: Indirectamente chega à I Liga pela mão do FC Porto. Como surgiu a oportunidade de se mudar para as Antas?
Zé Nando: Surgiu depois de fazer os primeiros cinco anos como profissional no Penafiel, na Segunda Liga, e em 1998, tive a oportunidade de assinar a custo zero pelo FC Porto. Assinei contrato de quatro épocas, mas fui sempre emprestado: primeiro ao Leça, depois ao Gil Vicente e por último ao Paços de Ferreira, com quem acabei por assinar em definitivo, em virtude da saída do Rafael para as Antas. Quando assinei com o FC Porto, ainda pude fazer a pré-época com a equipa principal, na altura no primeiro ano do mister Fernando Santos, mas acabei emprestado ao Leça, que ia jogar na I Liga, e acabou por ser despromovido na secretaria.

PC: Em 99/00 estreou-se na I Liga pelo Gil Vicente. Recorda-se da estreia?
ZN: Sinceramente, não (risos). [Em Barcelos, com a União de Leiria.]

PC: Essa época esteve longe de ser positiva para si. O que se passou para ter jogado tão pouco?
ZN: Na altura, o treinador tinha outras opções que, naturalmente, custavam a entender, porque achava que tinha mais qualidade e capacidade para jogar regularmente. Recordo-me que em Dezembro pedi à direção para sair, mas não deixaram, e acabei depois por estar cerca de três meses sem sequer entrar na ficha de jogo, pois ou não era convocado ou ia para a bancada.

PC: Depois mudou-se para o Paços de Ferreira. Era a melhor opção? 
ZN: Sim, era. Primeiro porque o Paços me apresentou um projeto interessante, e segundo porque o mister José Mota insistiu bastante comigo, ligava-me todos os dias, e isso acabou por pesar bastante para mim, porque sabia que ia ter a oportunidade de poder jogar com regularidade.

PC: O Paços foi o clube mais importante na sua afirmação?
ZN: Acabou por ser, porque foi o clube que me deu a oportunidade de me poder dar a conhecer, digamos assim. Fui chamado à Seleção B enquanto jogador do Paços, e estive, depois, pré-convocado para a Seleção A, num lote de trinta jogadores. Também foram anos muito bons para o clube, que fez boas campanhas, ganhou aos três "grandes", obteve boas classificações e afirmou-se na I Liga. Recordo-me que nas três primeiras épocas melhorámos sempre a nossa classificação: 9º lugar em 00/01; 8º em 01/02; e 6º em 02/03.

PC: Em 2004 saiu para Guimarães. Porquê o Vitória?
ZN: O Vitória era um namoro antigo (risos). Puxando a "cassete" atrás, já tinha tido a possibilidade de jogar no Vitória anteriormente, mas o Paços não deixou, porque me considerava inegociável. Tanto que o Benfica também me quis contratar, e o clube rejeitou a oferta. Depois, no meu último ano em Paços, estava em fim de contrato, apareceu o Vitória e aceitei.

PC: O que falhou para ter sido pouco utilizado?
ZN: Falhou, se calhar, ter mais oportunidades para jogar, apenas isso. Apesar de não ter jogado muito, era quase sempre convocado, e considero que foi uma boa época, pois tinhamos um plantel forte, e conseguimos o apuramento para a Taça UEFA. E para a minha posição a outra alternativa era o Rogério Matias, que chegou a ser chamado à Seleção nesse ano.


PC: Quando saiu de Guimarães, rumou a Chipre onde esteve três anos. Como surgiu esta possibilidade e como foi a experiência?
ZN: Primeiro fui convidado pelo clube, AEK Larnaca, a visitar as suas instalações e o País sem assinar qualquer compromisso. Como gostei do que vi, resolvi aceitar o convite. E muito sinceramente, nunca pensei ter espírito de emigrante, porque vamos conhecer uma realidade à qual não estamos habituados e vamos sem preparação nenhuma, digamos assim. Estamos longe da família, dos amigos, etc, e isso pesa bastante.
Mas gostei bastante dos três anos que lá estive. As coisas correram bem a todos os níveis, o AEK tinha um projeto interessante, estava-se a afirmar, e logo no primeiro ano chegamos à final da Taça, mas acabámos por perder no prolongamento. Ainda joguei mais um ano no AEK e depois sai para o AEL Limassol, que é um histórico do Chipre e que tem uma massa adepta um bocado nervosa (risos). É gente que vive o futebol de forma diferente da nossa, e posso dizer que vi situações impensáveis de acontecer por cá.

PC: A chamada à Seleção é momento mais alto da sua carreira?
ZN: Sim, sem dúvida. Até porque representava o Paços de Ferreira, que, naquela altura, não tem o reconhecimento que tem hoje. E quando estive pré-convocado para a Seleção A, o clube chegou a ter três jogadores nesse lote: eu, o Mário Sérgio e o Zé Manuel. Para um clube daquela dimensão era um grande feito.
Mas também destaco o momento em que assinei pelo FC Porto, pois jogava na II Liga e ter a possibilidade de representar um clube de "top" como o FC Porto, é uma coisa que toda a gente deseja.

PC:  O que faltou na sua carreira?
ZN: Faltou jogar num "grande". É verdade que tive a oportunidade de jogar no FC Porto, mas não a consegui agarrar, se calhar, também por causa de alguma inexperiência. E ainda houve a possibilidade de jogar no Benfica, mas o Paços, como disse, não aceitou a proposta.

PC: Tem mágoa por não ter jogado com o Penafiel na I Liga?
ZN: Sim, tenho uma ligeira mágoa, claro. Ainda houve uma abordagem na altura em que o clube esteve na I Liga entre 2004 e 2006, mas acabou por não se concretizar.

PC: Fez seis épocas na I Liga, qual foi a melhor?
ZN: Destaco as três primeiras que joguei em Paços, pelas razões que já mencionei: boas classificações, vitórias contra os "grandes", a pré-convocatória para a Seleção, etc.

PC: De que jogos guarda mais memórias?
ZN: Tenho alguns jogos marcantes, mas aqueles que ficam mais na memória são, naturalmente, os jogos contra os "grandes". E, felizmente, ganhei a todos eles: no meu primeiro ano fomos à Luz ganhar por 3-2, em que faço a assistência para o primeiro golo, se não estou em erro, e ajudámos o Paços a vencer na Luz pela primeira vez na sua história; nesse mesmo ano vencemos o FC Porto em casa, por 1-0, em que aos 89' minutos há um canto contra nós, eu estou ao segundo poste, ganho a bola, arranco, cruzo para a área, e o Leonardo faz golo. Recordo-me que estava a chover bastante, havia muita lama, e o campo estava impraticável. E contra o Sporting, em 02/03, vencemos em casa por 4-0, e fiz uma assistência nesse jogo também.

PC: Qual o extremo mais difícil que teve de marcar?
ZN: Foram alguns... Capucho, Quaresma, Simão Sabrosa. Todos com características diferentes, mas com muita qualidade, e difíceis de marcar.

PC: Que história vivida no futebol pode partilhar?
ZN: Estou-me a recordar de algumas histórias que são engraçadas, mas que não se podem contar (risos).

PC: É diretor desportivo do Penafiel. É nesta função que se pretende manter dentro do futebol no futuro ou gostava de ter outras?
ZN: Estou nesta função há cinco anos, mas primeiro comecei como treinador-adjunto. Neste momento, o meu objetivo passa por melhorar os meus conhecimentos nesta função e ajudar o Penafiel a atingir os objetivos propostos para a época atual. Quanto ao futuro, gostava de chegar o mais longe possível como diretor-desportivo, se for no Penafiel, melhor, mas se surgir a oportunidade de representar outro clube e que me permita atingir um patamar superior, não vou recusar.


A carreira de Zé Nando, aqui.

Veja por volta do 1:35 do vídeo, a arrancada de Zé Nando contra o FC Porto:


Veja neste vídeo a assistência de Zé Nando para o quarto golo do Paços frente ao Sporting:

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