sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

João Armando


João Armando chegou à I Liga em 1995, para jogar na União de Leiria, mas seria ao serviço do Paços de Ferreira, anos mais tarde, que se afirmaria no futebol português.
Dois anos na cidade do Lis e três na 'capital do Móvel' valeram-lhe 125 jogos e três golos no nosso principal campeonato.
O antigo central começou-se a destacar na I Liga em 1997, quando marcou o único golo de um jogo que terminou com vitória da U. Leiria sobre o Sporting. A descida dos leirienses nesse ano, levou João Armando a fazer três temporadas consecutivas na Liga de Honra, até regressar ao topo pelo Paços de Ferreira, clube que ajudou a subir de divisão com uma recuperação estrondosa.
Pelos pacenses na I Liga, João Armando realizou noventa em jogos em três temporadas, mas saiu do clube no final de 02/03, sem que, ainda hoje, treze anos depois, saiba as razões da sua saída.
Seguiram-se passagens por Portimonense, Académico de Viseu e Imortal, antes de terminar a carreira onde a tinha começado: no Lusitano VRSA, onde se retirou, primeiro, em 2008, e anos mais tarde, em 2013, quando já com 40 anos, fez meia época na III Divisão Nacional.
Atualmente com 44 anos, trabalha na área da segurança e é treinador-adjunto da equipa sénior do Louletano, que compete no Campeonato de Portugal Prio.

Prémio Carreira: Começou no Lusitano VRSA e passou pelo Benfica Castelo Branco, até chegar ao Leiria e à I Liga. Como surgiu esta oportunidade?
João Armando: É verdade. Fiz a minha formação e subi a sénior no Lusitano, e depois saí da minha zona de conforto, deste 'cantinho' de Portugal que é o Sotavento algarvio, para jogar no Benfica de Castelo Branco. Essa possibilidade apareceu através do mister Benvindo Assis, que tinha uma grande amizade com o Pedro Gomes, ex-jogador do Sporting, e que era o treinador do Benfica Castelo Branco na altura. Estive lá dois anos, e lembro-me que na segunda época, o Joaquim Peres, que era o adjunto do Pedro Gomes e subiu a principal nesse ano, veio ter comigo antes de um treino se iniciar e disse que não ia poder contar comigo. Eu assustei-me e estranhei, naturalmente. Mas ele disse para ficar tranquilo, porque o Estrela da Amadora estava interessado em mim, e estava em negociações com o BC Branco. Mas entretanto os clubes não chegaram a acordo e não saí. No segundo ano continuei a jogar e a destacar-me, até porque sempre fui um central que fazia golos, e um dia apareceu um empresário com uma simples questão, se queria jogar na I Liga, e se não me importava de ir à experiência. E eu respondi que claro que não me importava. Primeiro ele tentou colocar-me à experiência no Boavista, que era treinado pelo Manuel José, que é meu conterrâneo, aqui de Vila Real de Santo António, e até já nos conhecíamos, porque temos um grande amigo em comum, que é o Sr. Vasques, antigo jogador do Atlético e do Belenenses. Mas o Boavista, naquela altura, era um clube muito forte, que ambicionava outras coisas, como ir à Taça UEFA, por exemplo, e o Manuel José disse para esperarmos mais um tempo, que ainda era miúdo e que aquele não era o momento certo. O Pedro Maia, como tinha apostado em mim, não quis esperar muito e ligou ao Vítor Manuel, que estava na União de Leiria. Estive duas semanas à experiência, e reencontrei lá o grande amigo da minha vida, Ferreira, que infelizmente já faleceu. Tinhamos uma verdadeira amizade, já tinhamos jogado juntos no Lusitano VRSA, e ajudou-me bastante nesse período, foi peça fundamental na minha adaptação, mas todo o grupo me aceitou na perfeição, e acabei por ficar e assinar com a União de Leiria.

PC: Recorda-se da estreia na I Liga?
JA: Recordo. Foi com o D. Chaves, em casa, ganhámos 4-1, e entrei nos minutos finais.

PC: Nessa primeira época de Leiria fez oito jogos como suplente utilizado no campeonato. Foi uma época que serviu, fundamentalmente, de adaptação à I Liga?
JA: Sim, de adaptação e de incertezas também, porque vinha da II Divisão B e passei por dificuldades. Lembro-me perfeitamente que até ao jogo com o Marítimo, na Madeira, era dado como jogador para dispensar, e tive que batalhar contra tudo isso. Nesse jogo, o Paulo Duarte lesionou-se, e eu estava no banco juntamente com o Sérgio, que era outro central do plantel. O mister mandou-nos aquecer os dois, e recordo-me de pensar como era possível irmos os dois, porque naquela altura sentia-me em melhores condições para jogar do que o meu colega, não quero dizer que era melhor, ou que era superior, simplesmente pensava que estava melhor naquela fase, e que seria primeira aposta. Acabei por entrar, perdemos 1-0, mas o jogo correu-me bem. Durante o voo de regresso, o Crespo falou com o mister Vítor Manuel e depois veio-me confortar, dizendo para ter calma e esquecer a ideia da dispensa, que tinha falado com o mister e que eu não ia sair. E, de facto, na terça-feira seguinte isso confirmou-se e acabei por não ser dispensado.

PC: Na segunda época, faz o golo da vitória diante do Sporting, mas o Leiria fez uma época abaixo das expetativas e acabou por descer...
JA: Segundo me disseram na altura, essa foi a primeira vez que o Leiria ganhou ao Sporting na sua história. Claro que foi um grande momento para mim marcar o golo da vitória sobre um grande. Nesse ano, penso que não houve estabilidade. Não digo da parte da direção ou da parte financeira, porque nesse aspeto cumpriram sempre enquanto lá estive. Mas tivemos três treinadores nessa época, as coisas simplesmente não saíam e não surgiam, e quando "acordámos" já foi tarde, porque fizemos um ponta final muito boa, mas não conseguimos a permanência.

PC: Volta à I Liga três anos depois, com a camisola do Paços de Ferreira, onde em três épocas fez quase cem jogos no campeonato. Esse período foi a afirmação do João Armando enquanto jogador de I Liga?
JA: Foi, sem dúvida alguma. A minha passagem pelo Paços foi marcante a todos os níveis. Fui Pai uns meses antes de ir para Paços, quando estava em Penafiel, e tive toda a estabilidade tanto a nível emocional, como futebolístico e familiar. Também foi nessa altura que comecei a perceber o que poderia fazer quando deixasse de jogar, porque o futebol não dura sempre, e quando chegámos a uma certa altura da carreira, temos que começar a olhar para o futuro. Nesses anos abri horizontes, digamos assim, e comecei a ter alguns pensamentos sobre a minha vida futura. Mas foram três épocas magníficas, em que fazia em média trinta jogos por temporada, falhando sempre alguns jogos, porque tendo em conta a minha posição, acabava sempre por estar suspenso em uma ou outra ocasião. Foram três anos onde atingi o auge da minha carreira, numa cidade fantástica e num clube fantástico, que cumpre sempre com as suas obrigações, e acabámos por fazer história na II Liga, porque a catorze jornadas do fim estávamos perto de descer, e ainda fomos campeões nacionais. E não esqueço, também, as vitórias sobre os três grandes na primeira época que fizemos na I Liga - 2000/2001.

PC: Como é que um titular durante três temporadas sai para a II Liga?
JA: Olhe, ainda ando à procura dessa resposta, sinceramente. No último ano que estive no clube, já com mais de meia época decorrida, houve um diretor que veio ter comigo e disse que queriam renovar, e eu disse claro que sim, quando quiserem, só que a verdade é que o tempo foi passando e nunca sequer falaram comigo. Até hoje não consigo perceber, porque pela parte financeira não terá sido, porque se fosse esse o motivo, teriam-me feito uma proposta de maneira a que eu recusasse, penso eu.


PC: Do Paços saiu para o Portimonense. Não teve convites para continuar na I Liga?
JA: Não, por acaso não. Aquilo que começava a ver já naquela altura, e que hoje se vê cada vez mais, é que não é pelo valor de um jogador que se lhe dá a oportunidade. É preciso mais qualquer coisa, a nível de conhecimentos/amizades, ou outras coisas, não sei... Se aparecer um jogador que seja fora-de-série, não precisa dessas coisas, porque os seus atributos são mais do que suficientes. Mas, caso contrário, penso que não depende apenas e só do jogador, cada vez mais funciona assim, e isso deixa-me triste com o futebol.

PC: Fez cinco temporadas na I Liga, qual destaca como a sua melhor?
JA: Penso que a primeira época com o Paços na I Liga. Não só para mim, como talvez para todos os meus colegas desse ano. Foi um ano magnífico. O grupo continuou praticamente o mesmo, vinha com rotina de vitórias, e os que entraram entenderam perfeitamente a mensagem que o mister José Mota passava, e que era fundamental, porque ele dizia-nos sempre que podíamos ganhar em qualquer campo. Nós jogávamos com alegria, tinhamos prazer no que fazíamos, e jogávamos, essencialmente, para nos divertirmos, e esse era o caminho. Prova disso, como já falei, são as vitórias sobre os três grandes nessa época.

PC: Quais os jogos que lhe trazem mais recordações?
JA: É inevitável o jogo contra o Sporting, pelo Leiria, em que faço o golo da vitória e que me ficará eternamente marcado. Pelo Paços recordo, principalmente, as vitórias em Alvalade e na Luz.
Pelo lado negativo, recordo-me de um jogo com o Sporting, pelo Paços, na Mata Real, que perdemos 6-0, mas que nos primeiros vinte minutos, lembro-me como se fosse hoje, fomos extraordinários, estivemos sempre em cima do Sporting, e quem podia estar em vantagem éramos nós. Mas aquilo "virou" e ao intervalo estávamos a perder 4-0. Foi algo "estranho" o que aconteceu naquele jogo. Lembro-me que nesse dia tinha os meus Pais em minha casa e quando cheguei vinha tão desiludido que nem lhes falei, fui diretamente para o meu quarto e "refugiei-me" lá a chorar, parecia que ia acabar o Mundo, porque eu vivia para o futebol, como os meus colegas naturalmente, mas aquele resultado mexeu muito comigo.

PC: Qual foi o melhor momento da sua carreira?
JA: Tive vários momentos muito bons... Não posso esquecer a minha estreia como sénior, no Lusitano VRSA, na Liga de Honra. Foi um momento marcante, que significou o início do meu percurso no futebol. Depois, a mudança para Castelo Branco, onde vivi dois anos maravilhosos e que foram o "reforço" do início do percurso. Naturalmente que a chegada à Liga foi um momento especial, e depois os anos que passei em Paços de Ferreira, onde atingi tudo o que ambicionava quando era miúdo, vivi tempos muito bons a todos os níveis, e onde me senti plenamente realizado.

PC: O que faltou atingir na sua carreira?
JA: Faltou eu procurar mais qualquer coisa. Fiz o meu caminho, o caminho que ambicionava desde miúdo, mas faltou isso mesmo, procurar mais qualquer coisa para a minha carreira, atingir um patamar mais elevado... Quando estava em Leiria, lembro-me que os jornalistas chegaram-me a questionar se não queria ir à Seleção, por exemplo. É natural que queria chegar lá, mas quando se joga num clube mais pequeno, se dissermos que queremos ir à Seleção, nem sequer somos levados a sério, na minha opinião, porque é mais complicado atingirmos esse meta quando não jogamos num dos três "grandes".

PC: Qual o ponta-de-lança mais difícil que defrontou?
JA: Fisicamente, o Nuno Gomes quando estava no Boavista. Psicologicamente, aquele que deixava um defesa de rastos, não só cá como nas competições europeias, o Mário Jardel. Era muito difícil controlá-lo e segurá-lo porque ele tinha "faro" de golo. Numa ocasião pelo Paços, fomos a Alvalade, e à entrada para o túnel houve um jornalista que me perguntou como ia fazer em relação ao Jardel, e eu lembro-me de lhe responder que o meu objetivo era que o Jardel não fizesse golos, porque se ele não marcasse, os jornais iriam falar de mim no dia seguinte.

PC: Que momento vivido no futebol pode/quer partilhar?
JA: Quando estava no Leiria, fomos à Luz jogar contra o Benfica e perdemos 4-0. Depois do jogo, na viagem de regresso para Leiria, vinhamos todos cabisbaixos e calados no autocarro, naturalmente, e o Ferreira que tinha sido o guarda-redes nesse jogo e que vinha sentado atrás de mim, tocou-me no ombro e disse: "Joni, o União perdeu, mas o nosso Benfica ganhou" (risos). E eu tive que esboçar um sorriso, porque num momento daqueles, ele conseguiu reagir bem e sair-se com aquela frase. Era uma pessoa fantástica e, nas situações mais difíceis, sabia sempre como dar a "volta por cima".

PC: Atualmente trabalha na área da segurança e é adjunto do Louletano. As suas ambições no futebol passam por continuar como adjunto ou ambiciona ser treinador principal?
JA: Comecei como adjunto do Lusitano VRSA, e a meio da época passada fui convidado pelo Ivo Soares para ir com ele para o Louletano. Neste momento, ganhámos uma grande amizade e temos uma ambição conjunta de mostrar que o que fazemos tem valor e é válido, e que merecemos uma oportunidade noutros campeonatos. Naturalmente que ninguém sabe o dia de amanhã, e se aparecesse uma proposta para ser treinador principal, não diria que não, mas todos os dias vou aprendendo, adquirindo novas ideias e vou-me empenhando em fazer melhor dia após dia.


A carreira de João Armando, aqui.

Veja aqui, ao terceiro minuto do vídeo, o golo de João Armando diante do Sporting:


Um golo de João Armando, pelo Paços de Ferreira, ao Gil Vicente:

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Riva


Ao fim de cinco meses de existência, o Prémio Carreira decidiu 'alargar os horizontes' e entrevistar, pela primeira vez na sua história, um dos muitos estrangeiros que marcaram o futebol português.
Atravessámos o Atlântico e chegámos a Riva: o antigo extremo brasileiro jogou oito anos em Portugal, representou os grandes rivais minhotos Guimarães e Braga, e foi dando cartas através da velocidade e técnica que possuía.
Foi Vítor Urbano quem lhe abriu as portas de Portugal, em 1993, quando o trouxe para o Paços, e seria o mesmo Vítor Urbano a "repescar" Riva para o nosso futebol, dois anos mais tarde, em 1995, trazendo-o para o Chaves.
Seguiram-se quatro anos em Guimarães, onde privou, entre outros, com Branko Milovanovic, um talento incompreendido (ou mal aproveitado?) que passou pelo futebol português. Com uma grande história na 'Cidade Berço', trocou o Vitória pelo Braga em 2000, onde viria, dois anos mais tarde, a despedir-se do futebol nacional, regressando ao seu País para vestir a camisola da Ponte Preta.
Com mais de 200 jogos e 28 golos no nosso principal campeonato, Riva fez grande parte da sua carreira em Portugal e só tem elogios para tudo o que viveu por terras lusas.
Aos 46 anos, é treinador e responsável pelo projeto Riva Sports, uma espécie de escola de futebol que vai ajudando a integrar e a "lançar" os jovens de Itabira, sua cidade-natal.

Prémio Carreira: Maior parte dos portugueses recorda-se de si em Guimarães, mas foi o Paços de Ferreira que o trouxe para Portugal. Como surgiu a oportunidade de vir jogar para cá?
Riva Silva: Olha, surgi para o futebol no Valério Doce de Itabira, e fui considerado o melhor jogador de base de Minas Gerais. Aí, o Cruzeiro me contratou para disputar o campeonato brasileiro. Depois do campeonato terminar, o empresário Adelson, junto com mister Vitor Urbano do Paços de Ferreira, me contratou por empréstimo.

PC: E na estreia na I Liga, marcou logo um golo...
RS: Sim, contra o Gil Vicente. Lembro que foi um dia especial, pois era a minha estreia e o mister disse que ia fazer um golo. O estádio da Mata Real estava lotado de adeptos. Foi uma festa. Mas quando cheguei aí, no primeiro jogo amistoso que fiz, contra o CSKA Sófia da Bulgária, fiz dois golos também.

PC: No fim da época deixou Portugal e voltaria um ano depois para jogar no Chaves. Porquê este "intervalo" na passagem por cá e porquê o Chaves na hora do regresso?
RS: Voltei ao Brasil, pois o Paços não tinha capital para comprar o meu passe, e a direção do Paços mudou. Ai fui jogar no América, no campeonato estadual. Num belo dia, depois do treino, chega meu grande amigo mister Urbano e perguntou pra mim: "Quer voltar para Portugal mais uma vez para trabalhar comigo?" Na mesma hora aceitei. Mister Urbano me ajudou muito.

PC: Depois surgiu a mudança para o Guimarães...
RS: Olha, você jogar por dois clubes que disputavam a permanência na I Liga e receber um convite de um grande clube como o V. Guimarães, que disputa competição europeia... aceitei na hora! Devo muito ao Paços e ao Chaves o meu crescimento como atleta, e os adeptos deles tem meu carinho e respeito, mas o Vitória era uma grande oportunidade.

PC: O que mais destaca dos anos que passou em Guimarães?
RS: Clube grande, adeptos fantásticos, cidade belíssima. Joguei ao lado de jogadores consagrados. Fui muito feliz lá. Grandes jogos, grandes golos. Conquistei o respeito de todos lá. Classificámos todos os anos o clube para as competições europeias. Cumpri meu dever com o clube. Vitória me projetou para a Europa.

PC: E o Milovanovic era assim tão craque como se falava?
RS: Era diferenciado. Uma classe maravilhosa! Grande amigo que fiz. Eu acho que faltou mais oportunidade e sequência para ele jogar. Tinha concorrência grande lá, como o Vítor Paneira e outros. Cada treinador tem um esquema de jogo diferente. Os dois marcavam pouco, mas chegaram a jogar juntos. Dois talentosos sem dúvida nenhuma.

PC: Curiosamente no último ano em Guimarães foi quando fez mais golos, oito, e mesmo assim saiu para o... Braga. Os adeptos reagiram bem a esta troca?
RS: Sim, no meu último ano, o Professor Quinito me deu mais liberdade de atacar. Antes defendia mais, cumpria outras funções. Mas aprendi muito e cresci como jogador claro.
Apenas sai do Vitória porque o Paulo Autuori não ia contar comigo. Fiquei triste, os adeptos também. A vida é assim. Só saí por isso. Muitos adeptos  não acreditaram, pois saiu eu, o Edmilson, o Brandão. O ataque todo saiu, lembra?


PC: E o Braga era a melhor opção?
RS: Tive outros clubes, mas o projeto do Sp. Braga, naquele momento, era a melhor opção. Quero ressalvar aqui que a minha passagem no Braga foi fantástica também.

PC: O Braga naquela altura tinha muitos brasileiros de qualidade: Edmilson, Zé Roberto, Barata, Miran, o próprio Riva...
RS: Sim, verdade! Jogadores de alto nível que nos demos muito bem, dentro e fora do campo.

PC: E os 'grandes' de Portugal nunca o convidaram?
RS: Uma vez o Benfica, mas o Pimenta Machado não aceitou. Disse que me venderia para Itália, e aí nunca me disse porque não fez o negócio. Tem meu respeito, claro, mas era complicado lidar com ele.

PC: Jogou oito épocas em Portugal. Qual destaca como a sua melhor?
RS: Eu não gosto de dizer qual foi a melhor, porque todas foram o máximo. Cumpri todos os objetivos que tinha em cada uma delas. Mas o jogo te digo: Vitória x Parma, em Guimarães. Ganhámos 2-0. Foi lindo! Fiz um jogo fantástico, tal como toda a equipe.

PC: E golos? Quais recorda em especial?
RS: Todos golos que fazia contra FC Porto, Boavista, Sp. Braga... tinha sorte contra essas equipes. O mais bonito foi contra o FC Porto, no Vítor Baía.

PC: Quais os momentos da carreira que mais destaca?
RS: Positivos foi ter um sonho de ser jogador e fui, jogar no Cruzeiro, jogar na Europa, disputar competições europeias, conhecer o Mundo... enfim, desfrutar o que Deus me deu. 
Negativo foi machucar o joelho com 33 anos e não recuperar. Mas agradeço a Deus por tudo.

PC: Qual o defesa mais difícil que enfrentou?
RS: Fernando Couto.

PC: Que balanço faz da passagem por Portugal? Valeu a pena ter jogado cá?
RS: Foi uma passagem maravilhosa! Povo maravilhoso. Futebol de alto nível. Agradeço a todos treinadores, adeptos, jogadores que conheci. Muitos amigos que fiz! Minha carreira 90% foi feita em Portugal. Portugal tá na minha vida e no meu coração. Nada a reclamar de vocês, nada!

PC: Que momento mais divertido viveu em Portugal e quer partilhar?
RS: Rapaz, viajar para a ilha da Madeira era difícil, tinha medo! A malta ria de mim demais. Gostava de andar de avião, mas a pista lá era pequena...

PC: Neste momento é treinador e lidera a Riva Sports. Ambiciona treinar em Portugal? 
RS: Coloco tudo na mão de Deus. Estou preparado para tudo. Quem sabe treinar ou levar um jogador para Portugal... 
Quero aproveitar para enviar um abraço para todo o povo português!


A carreira de Riva, aqui.

Veja aqui, logo no início do vídeo, um golo de Riva, pelo V. Guimarães, ao FC Porto:


E aqui, por volta dos 2:35 do vídeo, um golo de Riva, pelo Sp. Braga, ao Boavista: