segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Sandro


Sandro Mendes é uma das grandes figuras da história do Vitória de Setúbal.
Ao todo e incluindo formação, o antigo médio representou o clube sadino durante dezasseis temporadas, nove delas na I Liga - 195 jogos - e, enquanto capitão, venceu duas Taças, tendo a particularidade de ter sido o primeiro jogador a levantar a Taça da Liga em Portugal - em 2008.
Aos 19 anos já era titular no escalão maior do nosso futebol e ao fim de cinco meses já estava a ser vendido para a I Divisão espanhola, mais concretamente para o Hércules, e em 2005 voltou a ser vendido pelo Vitória, desta feita ao FC Porto, onde não chegou a fazer nenhum jogo oficial.
Regressou a Setúbal e, em 2010, o seu vínculo como jogador ao serviço dos sadinos terminou de uma forma ingrata para Sandro, que ainda jogou mais duas temporadas, primeiro no Ceuta de Espanha e depois na Naval.
Internacional por Portugal em doze ocasiões, entre os Sub-20 e os Sub-21, acabaria por se tornar internacional A ao serviço de Cabo Verde.
Foi seleccionador português de Mini-Football, uma vertente de futebol que em Portugal ainda está um pouco "escondida" e, atualmente, aos 39 anos, é treinador dos Juvenis do Vitória de Setúbal, já depois de ter sido coordenador da formação sadina, e de ter orientado os seniores do Alcacerense. 

Prémio Carreira: Estreou-se na I Liga pelo V. Setúbal em 1996. Recorda-se do jogo de estreia?
Sandro Mendes: É verdade, a minha estreia na I Liga deu-se em 1996, depois de dois anos fantásticos, um ainda Júnior, onde o Vitória, infelizmente, perdeu o título de Campeão Nacional da I Divisão de Juniores na secretaria, e o outro sendo a minha estreia como Sénior, onde atingimos o objectivo que era a subida de divisão da II para a I Liga.
Chega a estreia na I Divisão, no antigo Estádio das Antas, e lembro-me muito bem desse jogo por vários motivos, um deles é que ao minuto 90' estávamos a ganhar por 0-2, e ao minuto 99' o FC Porto lá empatou. Se não tivesse empatado acho que ainda hoje lá estávamos a jogar (risos).

PC: Fez apenas meia época na I Liga e mudou-se para Espanha, onde esteve quatro épocas e meia e representou três clubes. Que memórias guarda da passagem por Espanha e qual o clube que mais o marcou?
SM: Sim, passado meia época na I Liga portuguesa, mudei-me para a I Liga espanhola, onde representei três clubes. Sendo o primeiro o Hércules de Alicante, onde faço a minha estreia logo contra o FC Barcelona, em Camp Nou, onde actuavam na altura Ronaldo Fenómeno, Luís Figo, Guardiola, De La Peña, Vítor Baía, entre outros, e tive a felicidade de vencer esse mesmo jogo por 2-3.
Todos me marcaram de uma maneira ou de outra, o Hércules por ter sido o primeiro e onde passei mais tempo, o Villarreal por ser a primeira vez que o clube estava na I Liga, mas onde passei menos tempo, e acabei em Salamanca num ano que pessoalmente me correu muito bem.

PC: Em 2000 dá-se o regresso a Portugal e ao V. Setúbal. Porquê esta opção?
SM: Foi uma altura complicada da minha vida onde já estava a algum tempo fora e sozinho, visto que sai de Portugal com 19 anos completamente só, sem a companhia de nenhum familiar e, infelizmente, não existia a facilidade em comunicar como há hoje. E isso para mim não foi fácil, pois estava longe dos meus amigos, da minha família e da minha cidade. Quando terminou a época 1999/2000 estava em Salamanca, e depois de uma época a nível pessoal muito boa, não cheguei a acordo com a direção sobre verbas, entre os desacordos, uns dias mais perto outros mais longe, surge uma conversa com um diretor do Vitória e deu-se a hipótese do regresso ao meu clube e à minha cidade, e não pensei duas vezes. Passado dois dias estava em Setúbal a acertar a minha vinda para o Vitória.

PC: Reforçou o FC Porto em 2005, mas nunca chegou a jogar oficialmente, acabando por ser dispensado. Na sua opinião, o que falhou para não ter ficado nos "Dragões"?
SM: De todos os clubes por onde passei foi o único que não joguei, porque nem sequer me deram essa oportunidade. Fiz a pré-época, que até me correu bem, onde o treinador nos jogos de treino sempre me "usou" na posição de central, não faço ideia do porquê, e quando chegou ao fim da pré-época, em conversa me diz que eu não iria ser uma das suas primeiras opções e que o melhor seria "rodar" para poder continuar a jogar, e foi isso que fiz. Na altura tentei voltar ao Vitória, mas por vontade de quem cá estava na altura não regressei, e simplesmente continuei a minha vida.

PC: Do FC Porto seguiu para a Turquia, e em Janeiro já estava de regresso ao seu Vitória. Não gostou da experiência em solo turco?
SM: Foi uma experiência diferente, num país completamente diferente e uma cultura que nada tem a ver com a nossa. Fica a experiência, ficam algumas amizades, mas não me adaptei e preferi regressar.

PC: Saiu novamente do V. Setúbal, desta vez em definitivo enquanto jogador, em 2010. Sente que não lhe "deixaram" terminar a carreira como desejava?
SM: Depois de tantos anos no clube, onde tive a felicidade de ser vendido e com isso ajudar o clube por duas vezes, a primeira por um milhão e duzentos mil dólares - não existiam euros ainda :) - e, posteriormente, ser um dos jogadores que saiu (juntamente com o Jorginho e o Paulo Ribeiro) para o FC Porto por mais um milhão de euros, tive três subidas de divisão e uma descida, venci uma Taça de Portugal, uma Taça da Liga, entre tantas outras coisas...
Sinto que merecia um pouco mais de respeito, não por ter saído, mas sim pela maneira como saí. Quando terminei a época, falei com o treinador - Manuel Fernandes - o qual me disse que contava comigo para a próxima época e que já o tinha transmitido à direcção, para estar tranquilo que estava tudo "certo", mas no final, a meia dúzia de dias para começar a época seguinte, disseram-me que "não tinham nada para mim". A vida é assim, não guardo mágoa nem rancor de ninguém, simplesmente gostava de me ter despedido de outra maneira dos sócios e da massa adepta do Vitória.


PC: Ao serviço do V. Setúbal, venceu uma Taça de Portugal e uma Taça da Liga, e esteve noutra final no Jamor. Qual dessas conquistas o marcou mais?
SM: Sem dúvida nenhuma a Taça de Portugal, por tudo... por ser a minha primeira grande conquista, por ser a festa rainha do futebol português, por ter passado tantos anos (penso que 38 anos entre a segunda e esta que foi a terceira), por poder ter marcado uma geração que, como eu, nunca tinha visto o Vitória ganhar nada, por ter podido actuar os noventa minutos e ter contribuído muito para essa conquista, e por tantas outras coisas! Claro que conquistar a Taça da Liga também me marcou e também tem muita importância, ainda por cima sendo a primeira, tem um sabor especial. Mas a Taça de Portugal foi a Taça de Portugal.

PC: Foi internacional por Portugal nas seleções jovens, mas em 2004 tornou-se internacional por Cabo Verde. Como surgiu a possibilidade de representar os "Tubarões Azuis" e quando é que percebeu que dificilmente seria opção para Portugal?
SM: Em 2004 saiu uma lei que permitia a todos os jogadores que nunca tivessem actuado na seleção A de um país e tivessem dupla-nacionalidade, poderiam optar por jogar por outro país. Eu, como tenho pai cabo-verdiano e podia pedir a nacionalidade cabo-verdiana, surgiu-me esse convite, achei interessante e aceitei com enorme orgulho. Joguei alguns anos pelos Sub-21 portugueses e, com o passar do tempo, existiu a possibilidade de jogar pela Seleção B ou Sub-23, não sei o nome que davam a essa seleção, mas a verdade é que nunca fui opção e, sendo assim, com o convite e a possibilidade de representar outra Seleção, optei por Cabo Verde.

PC: Qual foi o melhor momento da sua carreira?
SM: Felizmente tive muitos, mas sem dúvida nenhuma, o melhor foi a conquista da Taça de Portugal.

PC: Venceu duas Taças, chegou a um "grande" português, jogou na Primeira Divisão Espanhola, representou Portugal e Cabo Verde... ficou algo mais por alcançar?
SM: Por alcançar fica sempre algo... Foi bom, poderia ser sempre melhor, mas também poderia ter sido pior ;) Com muito trabalho, com muita sinceridade, fui traçando o meu caminho, e hoje, sinto-me realizado com o que conquistei, vindo de onde vim.

PC: Realizou nove épocas na I Liga, qual foi a melhor?
SM: A melhor não é fácil encontrar. Sei bem qual foi a pior: a descida de divisão com o Vitória em 02/03.
Agora a melhor é complicado, pois subi de divisão por três vezes, por duas vezes ajudei a apurar o Vitória para a Liga Europa, as duas finais da taça de Portugal, a primeira Taça da Liga... até as permanências na última jornada deixaram a sua marca.

PC: Quem foi o melhor jogador que defrontou?
SM: Tantos... entre eles, Cristiano Ronaldo e Messi.

PC: Que história vivida no futebol pode/quer contar?
SM: Tantas e tantas histórias que poderia contar, mas a verdade é que nunca fui um bom contador de histórias, e por isso, deixo essa parte para os outros (risos).

PC: Foi seleccionador de Portugal de Mini-Football. Para quem não sabe o que é, como funciona esta vertente do futebol? Como analisa a experiência que teve?
SM: É uma realidade diferente, é futebol de seis, que em Portugal ainda não existe. É um contexto diferente, mas de onde se pode tirar muita coisa. A experiência foi muito boa e bastante positiva. 

PC: Já foi coordenador da formação do Vitória, e atualmente é treinador dos Juvenis. O futuro passa por continuar a ser treinador?
SM: O futuro passa por continuar ligado ao futebol, onde sinto que posso ser útil e me sinto bem.


A carreira de Sandro, aqui.

Alguns dos melhores momentos da carreira de Sandro e a conquista da Taça de Portugal:

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Idalécio


Idalécio jogou onze anos consecutivos na I Liga, tendo representado durante esse período, quatro equipas: Farense, Sp. Braga, Nacional e Rio Ave.
Durante o tempo em que alinhou ao mais alto nível, o algarvio de 42 anos ganhou a alcunha de "Bom Gigante" por ser um defesa-central de elevada estatura e de grande porte físico e, ao mesmo tempo, um profissional muito correto e "leal" na disputa dos lances.
Revelado pelo Louletano, Idalécio chegou a internacional Sub-18 por Portugal, quando representava o Almancilense, na extinta III Divisão Nacional, precisamente por empréstimo do emblema de Loulé.
Ajudou o Sp. Braga a chegar à final da Taça de Portugal na temporada 97/98, e quatro anos mais tarde ficou perto de repetir a proeza, quando os minhotos foram afastados na Meia-Final, pelo Leixões, que jogava na II Divisão B.
Em 2002 foi noticiada a sua possível transferência para a Premier League, mas quis o destino que Idalécio viesse mesmo a viver em Inglaterra: em 2013 emigrou para Londres, onde atualmente trabalha num dos restaurantes mais famosos da capital inglesa.

Prémio Carreira: Foi contratado pelo Farense, ao Louletano, em 1995. Como surgiu a oportunidade de jogar na I Liga?
Idalécio Rosa: Essa oportunidade surgiu através do contacto do Sr. Manuel Barbosa (falecido agente de futebol, que a sua alma descanse em Paz). Ele era, naquela altura, um empresário de futebol com muito sucesso, e tive a felicidade de poder assinar um contrato com ele, para me poder ajudar na gestão da carreira durante vários anos.

PC: Recorda-se do primeiro jogo que fez no escalão maior do nosso futebol?
IR: Sim, tenho uma vaga ideia, já lá vão uns aninhos (20/21). Julgo ter sido contra o Tirsense, no São Luís, à noite.

PC: Após um ano em Faro, rumou ao Sp. Braga. Porquê esta transferência?
IR: Sim, é verdade, julgo que a época de estreia na Primeira Liga foi positiva e, sendo o Sr. Barbosa natural de Braga e com fortes ligações ao clube, e com um treinador com grande conhecimento do futebol nacional - o mister Cajuda -, essa possibilidade acabou por surgir e arrisquei em mudar de ares. Felizmente julgo ter sido muito positivo para mim.

PC: Foi uma das grandes figuras do Braga durante seis temporadas, mas quando saiu em 2002, houve alguma "confusão" relativamente à sua situação contratual. O que se passou?
IR: Foi com muita pena minha que na altura saí do SC Braga, ainda por cima depois de seis épocas onde sempre dei o meu melhor e sempre senti o respeito, carinho e admiração dos adeptos. Mas quem anda no futebol sabe como é, toda a gente de um momento para o outro muda, seja para jogadores, seja para treinadores, seja para os clubes... resumindo: é mais difícil do que o que se pensa. Mas, de facto, no ano da minha saída coincidiu com a saída do Sr. João Gomes Oliveira, o presidente que apostou na minha ida para o clube. O que aconteceu já lá vai, mas só eu e os responsáveis que entretanto assumiram aquele período de muitas mudanças e reorganização, sabemos o que se passou. Não existe qualquer mágoa agora passados tantos anos, mas na altura não foi fácil. Felizmente pude continuar a dar o meu melhor por outras equipas. Enfim, são coisas que fazem parte da vida de jogador.

PC: Nessa mesma época, em 01/02, o Sp. Braga eliminou o FC Porto da Taça e tinha fortes possibilidades de chegar à final, mas acabou eliminado, em casa, pelo Leixões, da IIB. Na sua opinião, o que falhou para não vencerem?
IR: Foi uma grande alegria naquela altura ir às Antas e eliminar o poderoso FC Porto, mas depois perder com o Leixões da II Divisão B na eliminatória seguinte (Meia-Final), é que foi um grande balde de água fria para muita gente, mas especialmente para nós jogadores, pois não havia ninguém mais do que nós a querer alcançar a final. Mas o Leixões na altura era muito bem orientado pelo mister Carlos Carvalhal, e tinha uma equipa de grande qualidade com vários jogadores com muita experiência de I Liga, ganhou-nos com todo o mérito, e assim não conseguimos chegar novamente à final no Jamor.

PC: Quando saiu do Braga, foi associado a vários clubes britânicos como Coventry, Bolton e Celtic. Estas hipóteses chegaram mesmo a surgir ou não passaram de rumores? 
IR: Sim, é verdade que surgiram uns empresários estrangeiros e mantivemos alguns contactos e encontros a falar com insistência nessa possibilidade, mas nunca surgiu nada de concreto. Embora tivessem sido enviados alguns olheiros para me observarem, segundo ia sendo noticiado nos jornais naquela altura, não tinha que acontecer...


PC: Seguiu-se o Nacional, por uma temporada, e depois o Rio Ave durante três anos. Foram as melhores opções para dar continuidade à sua carreira na I Liga? 
IR: Sim, foram, e julgo terem corrido muito bem essas apostas. Eram clubes que apostavam na afirmação na I Liga e acho ter contribuído para isso. Tenho um orgulho enorme de ter representado todos esses clubes (Nacional e Rio Ave) depois do SC Braga. Todos eles, entretanto, tiveram um crescimento impressionante. É uma enorme satisfação estar agora do lado de fora a torcer pelas suas conquistas e assistir ao seu crescimento.

PC: De todos os momentos que viveu no futebol, qual destaca como o melhor? 
IR: O apuramento para as competições europeias pelo SC Braga, em que ficamos em quarto lugar no campeonato - 96/97 -, e depois a participação na Taça UEFA, na época seguinte, por este mesmo clube.

PC: E qual foi a maior mágoa da sua carreira? 
IR: Para mim, sem dúvida, a derrota com o Leixões nas Meias-Finais da Taça de Portugal.

PC: Das 11 épocas que fez na I Liga, qual destaca? 
IR: Todas foram bastante positivas. Mas a que destaco, é a época que realizei no Rio Ave, em 04/05, onde fui o totalista do campeonato (jogador com mais minutos da I Liga) com 31 anos.

PC: Qual o melhor ponta-de-lança que defrontou?
IR: Jardel.

PC: Que história vivida no futebol pode/quer contar?
IR: Houveram muitas, naturalmente... Mas há uma que ficará para sempre na minha memória e que tem a ver com a dificuldade enorme que eu tinha em arranjar botas de futebol com o meu número (47). Essa ficará para sempre na minha memória.
E na minha estreia na I Liga, pelo SC Farense, tive a felicidade de me poder estrear logo nas competições europeias frente ao Ol. Lyon, e lembro-me como se fosse hoje: o Jorge Soares, meu ex-colega no Farense, teve que me emprestar umas botas de píton de alumínio já utilizadas por ele e em que com alguma dificuldade o meu pezinho de cinderela, como lhe costumo chamar, lá entrou e pude jogar sem correr o risco de escorregar e pôr a equipa em perigo (risos). Na segunda mão, quando fomos a França, lá fiz os directores andarem comigo nos centros comerciais a ver se conseguia encontrar umas botas que me servissem...

PC: Está emigrado em Londres há três anos e trabalha num local que lhe permite ter contacto diário com muitas pessoas do futebol Mundial. Gostava de voltar a desempenhar funções no "Mundo do futebol"? 
IR: Sim, vim em Março de 2013 há procura de trabalho, e não fazia ideia do que ia encontrar... primeiro, arranjei trabalho num casino durante seis meses, depois um rapaz reconheceu-me de Portugal e do futebol, e arranjou-me emprego num café/restaurante em que ele trabalhava. Estive lá durante um ano e meio até chegar à posição de Assistant Manager, mas arrisquei mais um pouco e mudei-me, em Junho de 2015, para o Novikov Asian Restaurant, que foi considerado o melhor restaurante de Londres em 2015. Neste momento pertenço à equipa de supervisores do restaurante, com a responsabilidade da área do pass (zona de onde sai toda a comida vinda dos chefes de cozinha para os clientes). São inúmeras as figuras nacionais e internacionais que passam todos os dias pelo restaurante, não só do futebol, assim como actores e outros... é um Mundo só visto!
Claro que o bichinho do futebol está cá dentro. Não foram 20 dias, foram 20 anos, e sinto que estou no sítio certo (País das oportunidades e conquista de sonhos) para que um dia possa surgir algo. Mas se não surgir, também não tem mal, pois estou a gostar imenso do que faço e das pessoas que me rodeiam no dia-a-dia, assim como tenho o apoio incondicional da minha família (Mulher e filhas), tenho muito orgulho nelas e sei que elas têm muito orgulho em mim. Tudo o resto não importa! Como eu costumo dizer: haja saúde...


A carreira de Idalécio, aqui.

Um pequeno resumo da carreira de Idalécio em vídeo:

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Luís Vouzela


Se falarmos em Luís Vouzela, associamos automaticamente o ex-jogador ao Leiria.
Mas Luís Tavares, que "herdou" Vouzela em honra à cidade onde nasceu, no Distrito de Viseu, representou, também, Santa Clara e Moreirense no primeiro escalão.
Revelado pelo Académico de Viseu, em oito anos na I Liga, fez mais de 200 jogos e apontou quatro golos, tendo chegado à Seleção B de Portugal, em 2000, defrontando a Alemanha no Marco de Canaveses ao lado de, por exemplo, Nuno Espírito Santo, Litos, Maniche, Boa Morte e João Tomás.
Antes de se tornar diretor do Ac. Viseu e treinador do Vouzelenses, jogou federado até 2014, tendo representado várias equipas da sua zona nos campeonatos nacionais e distritais.
À primeira experiência de emigrante que teve em 06/07, quando rumou ao Chipre para representar o Olympiakos Nicosia, juntou-lhe agora outra: atualmente com 42 anos, está a trabalhar nos Estados Unidos da América e, mesmo no outro lado do Mundo, não descura o regresso ao futebol.

Prémio Carreira: Entrou na I Liga pelas mãos da U. Leiria, que o contratou ao Ac. Viseu. Como se deu o processo de transferência?
Luís Vouzela: Foi um processo normal, surgiu a oportunidade de jogar na I Liga, e o Académico não me "fechou as portas", até porque ficamos ambos a ganhar.

PC: Recorda-se da sua estreia na I Liga? 
LV: Sim, recordo. A minha estreia foi em 1996, pelo Leiria, em casa do Leça.

PC: Durante seis anos consecutivos foi titularíssimo no Leiria. Nunca teve oportunidade para sair para um clube com outras ambições?
LV: É verdade, fui um dos jogadores bastante utilizados, por consequência do meu trabalho. Surgiram algumas oportunidades de ir para outros clubes, mas nunca houve entendimento entre o Leiria e os clubes envolvidos.

PC: Saiu em 2002, para o Santa Clara, mas esta mudança foi tudo menos pacífica. O que aconteceu?
LV: Como referi na questão anterior, o Leiria, em certa parte, "cortou-me as pernas", passo a expressão, para clubes de maior dimensão, e como já estava um pouco saturado, porque ainda foram algumas épocas onde poderia ter dado um salto bem grande e não o consegui, resolvi não renovar contrato e as coisas não foram pacíficas, infelizmente...

PC: Quando chegou aos Açores o clube tinha fortes ambições de ficar na parte mais alta da tabela, inclusive jogou a Taça Intertoto nessa época, e acabou por descer de divisão. Como é que se explica uma época destas?
LV: O clube realmente tinha expectativas altas, a participação na Taça Intertoto foi boa para o Santa Clara e para os jogadores, mas como se sabe, no futebol as coisas nem sempre correm como são planeadas e, infelizmente, sucedeu-se o pior cenário.

PC: Depois de meio ano na II Liga, regressou à I para o Moreirense. Porquê esta opção? Teve mais convites da I?
LV: Entre outros clubes que me procuraram, inclusive da I Liga, optei pelo Moreirense, porque falei com alguns colegas e foram-me dadas boas referências, daí a minha escolha.

PC: Em Agosto de 2000 chegou à Seleção B de Portugal. O que sentiu e o que significou para si este momento?
LV: Sem dúvida que é um momento único na carreira de um jogador. Senti uma alegria enorme, foi o reconhecimento do meu trabalho e é um momento que qualquer jogador sonha em ter na sua carreira.


PC: O que faltou atingir na carreira?
LV: Faltou chegar a um dos três grandes.

PC: Na temporada 06/07 jogou no Chipre. Como foi essa experiência?
LV: Em termos futebolísticos foi uma experiência agradável, mas em termos monetários já não correu da melhor forma, visto que não foi cumprido o acordado. E principalmente quando se está fora do nosso País, torna-se sempre mais complicado de gerir a situação.

PC: 8 épocas na I Liga, 215 jogos e 4 golos. Qual foi a sua melhor temporada?
LV: Penso que de todas as épocas que fiz na I Liga, consigo retirar momentos bastante positivos, por isso, não selecciono nenhuma em particular. Foram, todas elas, vividas sempre com grande intensidade.

PC: E qual o melhor jogador que defrontou?
LV: Tive o prazer de defrontar grandes jogadores, mas vou mencionar estes dois jogadores, porque tive que os marcar individualmente: são o Deco e o João Vieira Pinto.

PC: Jogou sete temporadas com o João Manuel, inclusive nasceram no mesmo Distrito. Como era ele? Que momento passado em conjunto nunca esquecerá?
LV: Foi com enorme prazer que partilhei durante sete anos o balneário com este grande jogador e, sobretudo, grande homem. O João Manuel era uma pessoa muito simples, amigo, companheiro, enfim, com imensas qualidades que um ser humano pode ter. Tive muitos momentos bons com ele, seria difícil escolher um. Onde ele estiver, sabe do que falo, de como era a nossa cumplicidade...

PC: Que história no futebol pode/quer contar?
LV: Qualquer jogador de futebol tem inúmeras histórias para contar, porque o futebol é um Mundo com imensas peripécias, aventuras, etc. São tantas as histórias que tenho, que nem num serão conseguiria conta-las todas.

PC: Atualmente está emigrado nos EUA. Ainda vamos ver o Luís a contribuir para o crescimento do futebol na América ou o futebol já não tem o papel que teve em outros tempos na sua vida?
LV: Sim, é verdade, estou cá nos EUA à relativamente pouco tempo, mas assim que cheguei comecei a fazer uns jogos com pessoas amigas e portuguesas, e não ponho de fora a hipótese em dar o meu contributo, seja como jogador ou como treinador, aqui ao futebol americano, até porque antes de vir estava a treinar a equipa da minha terra, a Associação Os Vouzelenses e, se já tinha o "bichinho" de jogar, fiquei ainda com mais vontade de ser treinador.


A carreira de Luís Vouzela, aqui.

Veja aqui, por volta dos trinta segundos do vídeo, um bom momento de Luís Vouzela na I Liga: