O primeiro convidado do "Prémio Carreira" é Rui Borges.
Atualmente com 42 anos, o antigo extremo, que se destacou pela velocidade e pela evolução técnica que possuía, ficou também conhecido no nosso futebol por ser de baixa estatura.
Rui Borges cumpriu dez temporadas na I Liga, vestiu a camisola de cinco clubes diferentes no primeiro escalão, e fez mais de 200 jogos no nosso principal campeonato.
Conforme o próprio conta, chegou a estar perto do Benfica quando jogava no Alverca, tendo ainda estado perto de jogar na Coreia do Sul uns meses antes do interesse encarnado.
Depois de abandonar a carreira como futebolista profissional, jogou futsal federado nos campeonatos nacionais, foi treinador-adjunto do Vizela e, mais recentemente, exerceu funções como Diretor Desportivo no Boavista e no Famalicão, este último com o sucesso conhecido.
Aqui fica, então, a primeira entrevista do "Prémio Carreira":
Prémio Carreira: Em 1995 chegou ao Boavista, oriundo do Casa Pia, da II Divisão B. Ainda se recorda de todo o processo da transferência e o que sentiu quando foi convidado?
Rui Borges: Sim, recordo. Estava de férias quando recebi o telefonema dos meus pais a dizerem-me que estavam a tentar entrar em contacto comigo, mas não conseguiam. Naquele tempo ainda não era comum a utilização do telemóvel... Fiquei extasiado mas, ao mesmo tempo, inquieto, porque havia alguma desconfiança relativa à minha altura e teria que cumprir um período de experiência. A verdade é que no final correu tudo bem e a oportunidade e o sonho de jogar na I Liga e, mais ainda por ser num grande clube como o Boavista, concretizou-se.
PC: Dez jogos pelo Boavista e um golo. Recorda-se da estreia na I Liga e do primeiro golo que fez?
RB: Foi uma época de estreia na I Liga muito importante. Pela aprendizagem com uma equipa técnica liderada por um dos melhores treinadores portugueses, Manuel José, colegas com uma experiência fantástica, como Alfredo, Rui Bento, Litos, Sanchez, Timofte, Nuno Gomes, Artur, entre outros, e inclusive pela capacidade de adaptação a uma cidade nova e a viver sozinho.
RB: Foi uma época de estreia na I Liga muito importante. Pela aprendizagem com uma equipa técnica liderada por um dos melhores treinadores portugueses, Manuel José, colegas com uma experiência fantástica, como Alfredo, Rui Bento, Litos, Sanchez, Timofte, Nuno Gomes, Artur, entre outros, e inclusive pela capacidade de adaptação a uma cidade nova e a viver sozinho.
O jogo de estreia foi com o Gil Vicente, no dia 10/09/1995, na 3ª jornada do campeonato, com uma vitória por 3-0, no Bessa. O meu primeiro e único golo foi com o Marítimo, na 30ª Jornada, com uma vitória por 1-0, também no Bessa.
RB: As duas épocas na II Liga foram importantíssimas porque me permitiram jogar com regularidade e ganhar capacidade competitiva para me afirmar na I Liga de forma natural. E foi o que aconteceu no Alverca. Tive a oportunidade de integrar um projecto liderado por dirigentes ambiciosos, - o Presidente do Clube era o Luís Filipe Vieira, e o Diretor Geral o José Couceiro -, que proporcionavam as melhores condições para os treinadores e atletas. Em quatro épocas fui treinado por excelentes treinadores, como Mário Wilson, José Romão, Jesualdo Ferreira, Carlos Pereira e que tinham adjuntos como o Raúl José, José Lima e Mariano Barreto, que me permitiram evoluir e afirmar-me como futebolista de I Liga.
RB: Sim, na época de 2000/2001. A um mês de terminar o campeonato, o Jesualdo Ferreira e o empresário Paulo Barbosa conversaram comigo sobre a possibilidade de ingressar no Benfica na época seguinte. Inclusive, acertamos com o médico do Alverca terminar a época a dois jogos do final para corrigir uma lesão no menisco que estava programada para o final do campeonato. Correu tudo como estava combinado, iniciei a recuperação e o tempo foi passando... A determinada altura liguei com o empresário Paulo Barbosa, que me disse que com a contratação do Luís Filipe Vieira, do Jesualdo Ferreira e do Mantorras, todos para o Benfica, eu não poderia ir porque não queriam deixar o Alverca desfalcado. E assim, não fui.
RB: Não, não correu. As razões não são muito complicadas. Um clube que participava de forma histórica na I Liga manda embora o treinador herói da subida à 3ª jornada e, depois disso, foi sempre a descer. Com a entrada da nova equipa técnica, orientada por uma estrutura dirigente mal preparada, influenciada pelos pseudo consultores/gestores desportivos que gravitam no futebol, os jogadores que subiram de divisão foram encostados sem razões aparentes. Resultado: descida de divisão. É a velha máxima do futebol, num dia és herói no outro mandam-te embora. A verdade é que a partir dessa época nunca mais o clube se encontrou e agora passa por grandes dificuldades. A pergunta que faço é: onde andam esses pseudo consultores/gestores desportivos que sabiam tanto de futebol?
RB: Não houve uma em particular, houveram várias. A de estreia em 1995/96, no Boavista, em que vivi todos os momentos com grande intensidade, era tudo novidade, a de 2000/01, no Alverca, em que estive muito próximo do Benfica porque a época me correu muito bem e, a de 2005/06, no Estrela da Amadora, onde mesmo com grandes dificuldades financeiras, jogávamos com uma alegria e capacidade fora do comum para as condições em que trabalhávamos.
RB: Sim, sem dúvida nenhuma. A jogada em si e o remate final contra um Sporting de João Vieira Pinto, Sá Pinto, Rui Jorge entre outros... O grau de dificuldade era muito elevado.
RB: Os 221 jogos na I Liga são uma marca bonita. Não é difícil lá chegar, o mais difícil é manteres-te lá! Todos os golos foram muito importantes no meu percurso e cada um teve a sua história. Não marcava muitos mas, os que marcava, ou davam vitórias ou empates!
PC: Qual foi o seu melhor momento na carreira?
RB: O melhor momento foi ter sido futebolista profissional. Quando era miúdo, vaticinaram-me que não tinha altura para ser jogador de futebol, e fazer dez épocas na I Liga não é para todos. Adorava o que fazia em todos os momentos.
PC: Sete anos depois de ter deixado de jogar, qual é a maior mágoa que guarda da sua carreira? Ficou algum objetivo por atingir?
RB: Não tenho, nem guardo mágoas a ninguém. Gostava de ter jogado na Seleção Nacional.
PC: Dos muitos laterais que enfrentou, qual foi o melhor que "apanhou"?
RB: Apanhei muitos e bons, mas o César Prates, do Sporting, se o deixava embalar era uma chatice!
PC: O Rui tem a curiosidade de ter jogado praticamente sempre com o número 21. Alguma razão em especial para utilizar esse número?
RB: Nada de especial. Antigamente jogava-se do 1 ao 11, nessa altura era quase sempre o 10. Depois quando se podia escolher era o 21 por causa da escola. Quase sempre nas turmas escolares ficava com o número 21 e ganhei afinidade ao número.
PC: Recorda-se de alguma história de balneário que queira/possa partilhar?
RB: Não conto nenhuma história de balneário, mas conto um episódio que aconteceu no Belenenses e que mostra, também, como o futebol evoluiu noutras áreas. Na minha primeira época de Belenenses, quando distribuíram os equipamentos de treino e jogo, deram-me todos XL. As camisolas chegavam-me aos joelhos e os calções aos pés. Perguntei se não tinham mais pequeno, ligaram para a responsável da marca e nada. Agarrei nos equipamentos e levei-os a uma costureira conhecida. Ficaram por medida.
PC: Já foi adjunto de Vizela e Boavista e Diretor Desportivo de Boavista e Famalicão. O próximo passo é ser treinador, ou pretende continuar pelo dirigismo?
RB: Sei que escolho, normalmente, o caminho mais difícil. No passado diziam-me que não tinha altura para ser futebolista. Agora, dizem-me que não consigo ser Diretor Desportivo com autonomia, capacidade de decisão, que é só para levantar placas. A verdade é que os últimos quatro anos falam por si. No Boavista a organização e a disciplina ficaram vincados e os objectivos alcançados, no FC Famalicão, o impacto ainda foi maior. Um Clube que estava para cair nos distritais, em dois anos e meio chega aos campeonatos profissionais e luta pela subida de divisão até às últimas jornadas. A escolha, para já, é fácil. Seguir a via da Direção Desportiva até onde me deixarem ir ou até onde puder ir.
RB: O melhor momento foi ter sido futebolista profissional. Quando era miúdo, vaticinaram-me que não tinha altura para ser jogador de futebol, e fazer dez épocas na I Liga não é para todos. Adorava o que fazia em todos os momentos.
PC: Sete anos depois de ter deixado de jogar, qual é a maior mágoa que guarda da sua carreira? Ficou algum objetivo por atingir?
RB: Não tenho, nem guardo mágoas a ninguém. Gostava de ter jogado na Seleção Nacional.
RB: Apanhei muitos e bons, mas o César Prates, do Sporting, se o deixava embalar era uma chatice!
PC: O Rui tem a curiosidade de ter jogado praticamente sempre com o número 21. Alguma razão em especial para utilizar esse número?
RB: Nada de especial. Antigamente jogava-se do 1 ao 11, nessa altura era quase sempre o 10. Depois quando se podia escolher era o 21 por causa da escola. Quase sempre nas turmas escolares ficava com o número 21 e ganhei afinidade ao número.
PC: Recorda-se de alguma história de balneário que queira/possa partilhar?
RB: Não conto nenhuma história de balneário, mas conto um episódio que aconteceu no Belenenses e que mostra, também, como o futebol evoluiu noutras áreas. Na minha primeira época de Belenenses, quando distribuíram os equipamentos de treino e jogo, deram-me todos XL. As camisolas chegavam-me aos joelhos e os calções aos pés. Perguntei se não tinham mais pequeno, ligaram para a responsável da marca e nada. Agarrei nos equipamentos e levei-os a uma costureira conhecida. Ficaram por medida.
PC: Já foi adjunto de Vizela e Boavista e Diretor Desportivo de Boavista e Famalicão. O próximo passo é ser treinador, ou pretende continuar pelo dirigismo?
RB: Sei que escolho, normalmente, o caminho mais difícil. No passado diziam-me que não tinha altura para ser futebolista. Agora, dizem-me que não consigo ser Diretor Desportivo com autonomia, capacidade de decisão, que é só para levantar placas. A verdade é que os últimos quatro anos falam por si. No Boavista a organização e a disciplina ficaram vincados e os objectivos alcançados, no FC Famalicão, o impacto ainda foi maior. Um Clube que estava para cair nos distritais, em dois anos e meio chega aos campeonatos profissionais e luta pela subida de divisão até às últimas jornadas. A escolha, para já, é fácil. Seguir a via da Direção Desportiva até onde me deixarem ir ou até onde puder ir.
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