Constantino será sempre recordado como uma das figuras do Leça.
Apontou 42 golos em três épocas na I Liga ao serviço dos leceiros, foi Bota de Bronze em 95/96, e foi dele o último golo que o Leça marcou no escalão maior do nosso futebol.
Apesar da ligação ao emblema verde-e-branco, "Tino Bala" estreou-se entre "os grandes" ao serviço do Salgueiros, e também representou o Campomaiorense na I Divisão.
Nas épocas 96/97 e 97/98, logrou marcar golos ao FC Porto durante quatro jogos consecutivos, que era "apenas e só" a equipa que dominava o futebol português.
Os golos que apontou pelo Leça valeram-lhe a ida para Espanha, mais concretamente para o Levante, onde jogou, por exemplo, com Vicente, que mais tarde jogaria no Valencia e, posteriormente, na Selecção espanhola.
Aos 48 anos está empregado, e feliz, na MatosinhoSport, empresa pertencente à Câmara Municipal de Matosinhos, e aguarda para voltar ao activo enquanto adjunto do ex-colega e amigo, Abílio Novais.
Prémio Carreira: Estreou-se na I Divisão em 1987 pelo Salgueiros. Recorda-se do jogo de estreia?
Constantino Jardim: Sim, recordo-me que entrei com o Marítimo. Era o meu primeiro ano de sénior, e o treinador era o Rodolfo Reis. Mas recordo-me mais da época seguinte, também com o Marítimo, em que entrei e marquei o golo da vitória - e o primeiro golo na I Divisão. O nosso treinador era o António Fidalgo, e o Marítimo tinha uma grande equipa, com o Ewerton na baliza.
PC: Apesar de se ter estreado pelo Salgueiros, foi pelo Leça que mais se destacou na I Divisão. O Leça foi o clube mais importante da sua carreira?
CJ: Sim, foi. Até porque foi o clube onde marquei mais golos. Mas claro que o Salgueiros também me marcou, pois fiz lá a formação toda e tive quatro anos nos seniores. Jogar no Levante também foi uma experiência fantástica, mas o Leça foi onde despontei e onde consegui ser Bota de Bronze.
PC: Foi bota de bronze superado por Domingos e João Pinto. Qual foi a sensação de ser o terceiro melhor marcador atrás desses dois jogadores?
CJ: Foi excelente ficar atrás de dois grandes jogadores, que eram verdadeiros tecnicistas e marcavam muitos golos. Eram, sem dúvida, fantásticos. Ainda para mais, um jogador de uma equipa pequena ser Bota de Bronze não era nada fácil, mas com a ajuda de todos, consegui.
CJ: Foi excelente ficar atrás de dois grandes jogadores, que eram verdadeiros tecnicistas e marcavam muitos golos. Eram, sem dúvida, fantásticos. Ainda para mais, um jogador de uma equipa pequena ser Bota de Bronze não era nada fácil, mas com a ajuda de todos, consegui.
PC: O facto de ser goleador pelo Leça abriu-lhe as portas da Europa, neste caso, em Espanha e no Levante. Porquê esta opção e como foi a sua passagem por Espanha?
CJ: Tive outras propostas, nomeadamente do Belenenses e do Rio Ave, por exemplo, mas o futebol espanhol sempre me atraiu. Foi muito bom ter jogado em Espanha. Subimos da II Divisão, equivalente ao CNS, à II Liga espanhola. Era uma grande equipa, com um ambiente fantástico, aliás, como era no Leça. O segredo do Leça era a união no balneário, e no Levante foi igual. Felizmente subi pelos dois clubes. E ainda tive o prazer de ver surgir o Vicente, que tinha 17 anos, e era um craque, posso dizer que foi muito fácil jogar com ele, e que era um jovem muito humilde.
CJ: O Levante não me queria deixar sair, eu pedi, mas o clube não queria. Tive um convite do Leça, mas o Levante disse que só me deixava sair se fosse para a I Liga, apareceu o Alverca e o Campomaiorense, e optei por ir até Campo Maior.
PC: E como era o Campomaiorense?
CJ: Era um grande clube, com umas instalações únicas, cumpridor, e em que não nos faltava nada. É pena que não esteja na I Liga. As pessoas da vila e do clube eram espectaculares.
PC: Jogou sete temporadas na I Liga. Qual é que foi a sua melhor?
CJ: A minha melhor época foi a de 95/96, em que fui Bota de Bronze. Mas posso dizer que as três épocas no Leça foram muito boas.
PC: E dos 48 golos na I Liga qual destaca?
CJ: Destaco os três golos que fiz ao Tirsense, em 95/96, que praticamente nos deu a manutenção - vitória por 3-1. Foi um jogo fantástico para nós.
CJ: Destaco os três golos que fiz ao Tirsense, em 95/96, que praticamente nos deu a manutenção - vitória por 3-1. Foi um jogo fantástico para nós.
PC: Ao longo da sua carreira, marcou quatro golos ao FC Porto em quatro jogos seguidos, um ao Benfica e nenhum ao Sporting. Qual era o "segredo" para marcar ao FC Porto?
CJ: Sim, realmente tinha essa tendência. O FC Porto jogava sempre aberto, e nós éramos uma equipa forte no contra-ataque. Penso que se calhar era por isso, mas marcava sempre, é verdade.
PC: Qual foi o melhor central que defrontou?
CJ: Defrontei vários centrais bons, como Aloísio, Jorge Costa, Fernando Couto, Mozer e Ricardo Gomes, que eram fantásticos.
PC: Olhando para trás, o que faltou na carreira?
CJ: Defrontei vários centrais bons, como Aloísio, Jorge Costa, Fernando Couto, Mozer e Ricardo Gomes, que eram fantásticos.
PC: Olhando para trás, o que faltou na carreira?
CJ: Faltou ter o Jorge Mendes (risos). Sem dúvida que tinha tido mais oportunidades...
PC: Tem a curiosidade de ter jogado na I Liga por três clubes que entretanto desapareceram da "ribalta". Como vê o momento atual deles, sendo que um até já não tem futebol sénior?
PC: Tem a curiosidade de ter jogado na I Liga por três clubes que entretanto desapareceram da "ribalta". Como vê o momento atual deles, sendo que um até já não tem futebol sénior?
CJ: O Campomaiorense deixou de ser profissional por opção, mas é pena porque tem todas as condições. O Salgueiros já conseguiu recuperar o nome e tem muitos adeptos, e esta época irá, com certeza, tentar subir. O Leça está a recuperar a formação, está fazer um bom trabalho, e tem os seniores na Divisão de Elite da AF Porto. Para mim, isto é um "crime", pois penso que os três deviam estar na I Liga. São clubes que fazem falta, mas a crise levou a isso.
PC: De onde surgiu a alcunha de "Tino Bala"?
CJ: Foi o Abílio que me pôs, por ser rápido.
CJ: Foi o Abílio que me pôs, por ser rápido.
PC: Qual é a melhor história de balneário que tem para contar?
CJ: São tantas... o Carlos Manuel no Campomaiorense gostava muito de falar com os jogadores no balneário para nos animar. Falava quase duas horas e, às vezes, eu pedia para ir ao WC e imitava uma sirene enquanto ele falava. Então ele parava de falar e dizia: "Está bom, vamos almoçar!"
CJ: São tantas... o Carlos Manuel no Campomaiorense gostava muito de falar com os jogadores no balneário para nos animar. Falava quase duas horas e, às vezes, eu pedia para ir ao WC e imitava uma sirene enquanto ele falava. Então ele parava de falar e dizia: "Está bom, vamos almoçar!"
PC: É adjunto de Abílio Novais. Ambiciona ser treinador principal?
CJ: Não, gosto mais de ser adjunto e, se possível, sempre com o Abílio. Estivemos nos Sub-19 do Boavista três épocas, e saímos o ano passado. O Abílio é um amigo, um grande treinador, e merece estar no ativo, mas nesta altura não está e, assim, eu também não estou.
CJ: Não, gosto mais de ser adjunto e, se possível, sempre com o Abílio. Estivemos nos Sub-19 do Boavista três épocas, e saímos o ano passado. O Abílio é um amigo, um grande treinador, e merece estar no ativo, mas nesta altura não está e, assim, eu também não estou.
A carreira de Constantino, aqui.
Dois dos golos de Constantino ao FC Porto:
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