sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Luís Vouzela


Se falarmos em Luís Vouzela, associamos automaticamente o ex-jogador ao Leiria.
Mas Luís Tavares, que "herdou" Vouzela em honra à cidade onde nasceu, no Distrito de Viseu, representou, também, Santa Clara e Moreirense no primeiro escalão.
Revelado pelo Académico de Viseu, em oito anos na I Liga, fez mais de 200 jogos e apontou quatro golos, tendo chegado à Seleção B de Portugal, em 2000, defrontando a Alemanha no Marco de Canaveses ao lado de, por exemplo, Nuno Espírito Santo, Litos, Maniche, Boa Morte e João Tomás.
Antes de se tornar diretor do Ac. Viseu e treinador do Vouzelenses, jogou federado até 2014, tendo representado várias equipas da sua zona nos campeonatos nacionais e distritais.
À primeira experiência de emigrante que teve em 06/07, quando rumou ao Chipre para representar o Olympiakos Nicosia, juntou-lhe agora outra: atualmente com 42 anos, está a trabalhar nos Estados Unidos da América e, mesmo no outro lado do Mundo, não descura o regresso ao futebol.

Prémio Carreira: Entrou na I Liga pelas mãos da U. Leiria, que o contratou ao Ac. Viseu. Como se deu o processo de transferência?
Luís Vouzela: Foi um processo normal, surgiu a oportunidade de jogar na I Liga, e o Académico não me "fechou as portas", até porque ficamos ambos a ganhar.

PC: Recorda-se da sua estreia na I Liga? 
LV: Sim, recordo. A minha estreia foi em 1996, pelo Leiria, em casa do Leça.

PC: Durante seis anos consecutivos foi titularíssimo no Leiria. Nunca teve oportunidade para sair para um clube com outras ambições?
LV: É verdade, fui um dos jogadores bastante utilizados, por consequência do meu trabalho. Surgiram algumas oportunidades de ir para outros clubes, mas nunca houve entendimento entre o Leiria e os clubes envolvidos.

PC: Saiu em 2002, para o Santa Clara, mas esta mudança foi tudo menos pacífica. O que aconteceu?
LV: Como referi na questão anterior, o Leiria, em certa parte, "cortou-me as pernas", passo a expressão, para clubes de maior dimensão, e como já estava um pouco saturado, porque ainda foram algumas épocas onde poderia ter dado um salto bem grande e não o consegui, resolvi não renovar contrato e as coisas não foram pacíficas, infelizmente...

PC: Quando chegou aos Açores o clube tinha fortes ambições de ficar na parte mais alta da tabela, inclusive jogou a Taça Intertoto nessa época, e acabou por descer de divisão. Como é que se explica uma época destas?
LV: O clube realmente tinha expectativas altas, a participação na Taça Intertoto foi boa para o Santa Clara e para os jogadores, mas como se sabe, no futebol as coisas nem sempre correm como são planeadas e, infelizmente, sucedeu-se o pior cenário.

PC: Depois de meio ano na II Liga, regressou à I para o Moreirense. Porquê esta opção? Teve mais convites da I?
LV: Entre outros clubes que me procuraram, inclusive da I Liga, optei pelo Moreirense, porque falei com alguns colegas e foram-me dadas boas referências, daí a minha escolha.

PC: Em Agosto de 2000 chegou à Seleção B de Portugal. O que sentiu e o que significou para si este momento?
LV: Sem dúvida que é um momento único na carreira de um jogador. Senti uma alegria enorme, foi o reconhecimento do meu trabalho e é um momento que qualquer jogador sonha em ter na sua carreira.


PC: O que faltou atingir na carreira?
LV: Faltou chegar a um dos três grandes.

PC: Na temporada 06/07 jogou no Chipre. Como foi essa experiência?
LV: Em termos futebolísticos foi uma experiência agradável, mas em termos monetários já não correu da melhor forma, visto que não foi cumprido o acordado. E principalmente quando se está fora do nosso País, torna-se sempre mais complicado de gerir a situação.

PC: 8 épocas na I Liga, 215 jogos e 4 golos. Qual foi a sua melhor temporada?
LV: Penso que de todas as épocas que fiz na I Liga, consigo retirar momentos bastante positivos, por isso, não selecciono nenhuma em particular. Foram, todas elas, vividas sempre com grande intensidade.

PC: E qual o melhor jogador que defrontou?
LV: Tive o prazer de defrontar grandes jogadores, mas vou mencionar estes dois jogadores, porque tive que os marcar individualmente: são o Deco e o João Vieira Pinto.

PC: Jogou sete temporadas com o João Manuel, inclusive nasceram no mesmo Distrito. Como era ele? Que momento passado em conjunto nunca esquecerá?
LV: Foi com enorme prazer que partilhei durante sete anos o balneário com este grande jogador e, sobretudo, grande homem. O João Manuel era uma pessoa muito simples, amigo, companheiro, enfim, com imensas qualidades que um ser humano pode ter. Tive muitos momentos bons com ele, seria difícil escolher um. Onde ele estiver, sabe do que falo, de como era a nossa cumplicidade...

PC: Que história no futebol pode/quer contar?
LV: Qualquer jogador de futebol tem inúmeras histórias para contar, porque o futebol é um Mundo com imensas peripécias, aventuras, etc. São tantas as histórias que tenho, que nem num serão conseguiria conta-las todas.

PC: Atualmente está emigrado nos EUA. Ainda vamos ver o Luís a contribuir para o crescimento do futebol na América ou o futebol já não tem o papel que teve em outros tempos na sua vida?
LV: Sim, é verdade, estou cá nos EUA à relativamente pouco tempo, mas assim que cheguei comecei a fazer uns jogos com pessoas amigas e portuguesas, e não ponho de fora a hipótese em dar o meu contributo, seja como jogador ou como treinador, aqui ao futebol americano, até porque antes de vir estava a treinar a equipa da minha terra, a Associação Os Vouzelenses e, se já tinha o "bichinho" de jogar, fiquei ainda com mais vontade de ser treinador.


A carreira de Luís Vouzela, aqui.

Veja aqui, por volta dos trinta segundos do vídeo, um bom momento de Luís Vouzela na I Liga:

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