sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Chaínho


Carlos Chaínho é o primeiro jogador campeão Nacional a ser distinguido, aqui, no Prémio Carreira.
Esse título conseguiu-o ao serviço do FC Porto - na célebre época que consumou a conquista do Penta -, por quem venceu ainda duas Taças de Portugal e uma Supertaça Cândido de Oliveira.
As exibições ao serviço do Casa Pia, na III Divisão Nacional, valeram ao antigo médio a ida para a I Liga, para o Estrela da Amadora, onde viria a tornar-se um dos jogadores "fetiche" de Fernando Santos, tendo, claro, acompanhado a ida do técnico para as Antas em 1998.
Depois do FC Porto, representou Saragoça e Panathinaikos - novamente treinado por Fernando Santos -, e regressou a Portugal, para o Marítimo, saindo dois anos mais tarde para o Nacional.
Ainda jogou uma temporada no Alki, do Chipre, antes de terminar a carreira na longínqua Segunda Divisão do Irão, com a camisola do Bushehr.
As quatro internacionalizações Sub-21 ao serviço de Portugal, impediram-no, em 2006, de jogar o Mundial ao serviço de Angola, País onde veio ao Mundo.
Carreira futebolística à parte, Chaínho ficou também conhecido por, certa vez, ter dito que "posso não ser o melhor jogador português, mas sou certamente o que tem os lábios mais bonitos".
Aos 42 anos joga nos Veteranos do Carcavelos e é um treinador livre, já depois de ter tido experiências como treinador-adjunto ao serviço da Naval e do V. Setúbal, e de ter orientado, na época passada, os Juniores do Casa Pia.

Prémio Carreira: Em 1994, o Estrela da Amadora contratou-o ao Casa Pia. Recorda-se de como surgiu a oportunidade de se mudar para a Reboleira e da sua estreia na I Liga?
Carlos Chaínho: Fui contratado num jogo-treino entre o Casa Pia e o Estrela da Amadora. Tive alguns clubes interessados na altura, como o Estoril, que era treinado pelo Carlos Manuel, e o Rio Ave, que se não me falha a memória era treinado pelo Jaime Pacheco.

PC: Esteve quatro anos no Estrela, altura em que o clube cimentou a sua posição "entre os grandes". Qual era o "segredo" dessa(s) equipa(s)?
CC: O segredo era a amizade de um plantel que começou a ser construído pelo mister João Alves, depois teve o mister Acácio Casimiro e, por fim, o mister Fernando Santos. Com todos eles criámos uma identidade de trabalho muito grande.

PC: Ao fim de quatro épocas no Estrela, muda-se para o FC Porto. Mas, segundo consta, Benfica e Sporting também estavam interessados em si. O Porto foi uma escolha "fácil"?
CC: Felizmente tive a oportunidade de ir para qualquer um dos três, mas o FC Porto foi quem resolveu as coisas de forma mais célere.

PC: É nas Antas que se sagra campeão nacional pela primeira vez, o clube chega ao Penta, mas nas épocas seguintes, mesmo com o melhor plantel, não se sagra campeão. O que falhou?
CC: Não falhou nada. É verdade que tínhamos, sem dúvida, o melhor plantel, mas ganhámos títulos em todas as épocas e éramos fortes nas competições europeias. E acho, também, que essas épocas serviram de "click" para vitórias futuras.

PC: Em 2001 deixa o Porto e sai para o Saragoça de Espanha. Porquê esta decisão?
CC: Podia ter ficado, mas as coisas levaram outro rumo. Não foi fácil deixar o FC Porto, mas são coisas da vida.

PC: Na época seguinte muda-se para o Panathinaikos, onde reencontra o Fernando Santos, mas a experiência na Grécia ficou longe de ser positiva, certo?
CC:  A Grécia foi um desafio lindo. Adorei! Ao princípio não jogava, depois "fui indo", e quando comecei a jogar era tudo fantástico. Fiz os últimos jogos e estava sempre na equipa da jornada, durante sete semanas consecutivas. Ia renovar por mais três anos e tive a morte da minha mãe, aí as coisas mudaram muito, queria voltar para casa, tive possibilidade de ir para o Sporting, não aconteceu, tive ainda a possibilidade de ir para Itália, mas resolvi aceitar o Marítimo, que foi o ressurgir da alegria de jogar através do mister Cajuda e, depois, com os misteres Joca e Mariano Barreto, que são pessoas importantes para mim.

PC: Regressa a Portugal para jogar no Marítimo e, dois anos depois, assina pelo Nacional. Os madeirenses "aceitaram" bem esta troca?
CC: Os quatro anos na Madeira foram do melhor em tudo. Joguei em grande equipas, com grande pessoal, e agradeço aos dois presidentes - Carlos Pereira e Rui Alves - por tudo. A troca foi muito pacífica.


PC: Em 2007 vai para Chipre e na época seguinte vai para o Irão. Como é que surgiu a oportunidade de jogar no Irão? O que nos pode contar sobre essa experiência?
CC: Devido às minhas épocas como jogador, conhecia muita gente e os convites foram aparecendo de forma normal. No Chipre adorei por tudo, tenho grandes amigos lá, enquanto que no Irão foi pouco tempo, mas tive uma grande experiência num País com uma cultura única.

PC: Jogou onze temporadas na I Liga. Qual destaca como a sua melhor?
CC: Felizmente tive várias, destaco todas que joguei na I Liga, nos quatro clubes ganhei sempre reconhecimento. No FC Porto, como devem imaginar, destaco os títulos, no Estrela foi o começo do sonho, no Maritimo e Nacional, destaco ambas as estruturas e o facto de ter ajudado muitos jogadores que hoje são referências no futebol mundial, como são o Pepe, o Danny do Zenit, o Alan do Sp. Braga, etc.

PC: Qual o melhor jogador que defrontou?
CC: Defrontei Luís Figo, Zidane, Ronaldinho, Djalminha... foram muitos sem dúvida.

PC: Ganhou tudo o que havia para ganhar em Portugal, fez quase 300 jogos na I Liga, e jogou em Espanha e na Grécia. Ficou alguma coisa por "fazer" na sua carreira? 
CC: Como jogador, não ficou nada para fazer. Agora como treinador, tenho muita coisa para fazer, pois estou no princípio do sonho!

PC: Em 2005 falou-se na possibilidade de representar Angola no Mundial 2006. O que falhou para esta hipótese não ter sido concretizada?
CC: Não foi possível porque uns anos antes tinha sido internacional por Portugal, com menos de 22 anos.

PC: Foi jogador de Fernando Santos durante oito épocas. Que diferenças vê nele e nas suas equipas em relação ao período em que foi seu treinador?
CC: Vejo poucas ou nenhumas, porque o mister Fernando Santos está sempre em evolução, nunca "dorme" em relação aos acontecimentos e conhecimentos.

PC: Que episódio vivido no futebol quer/pode partilhar?
CC: Vou recordar um episódio que vivi quando cheguei ao Chipre, e que ainda recentemente contei na SportTv. No primeiro dia de treinos no Alki, estava à espera do habitual cesto com equipamento para treinar, quando, para meu espanto, viraram-se para mim, apontaram para um monte e disseram "escolhe!". Felizmente estava comigo o Clayton, que foi meu colega no FC Porto, e eu perguntei-lhe se era normal, e ele disse que sim, que ali era assim que funcionava. Quando reparei nos meus colegas, vi alguns a treinar com camisolas do Real Madrid e do AC Milan. Enfim, outras culturas.

PC: Já foi treinador-adjunto de Naval e V. Setúbal, por exemplo, e na época passada orientou os Juniores do Casa Pia. O seu futuro no futebol passa por ser treinador principal?
CC: O que quero é treinar. Acabei recentemente o segundo nível do curso de treinador e estou disponível para projetos, contudo, por enquanto irei aprender e observar, pois dizem que tenho essa essência. Quanto ao futuro, logo veremos.


A carreira de Chaínho, aqui.

Veja aqui, pouco depois dos dois minutos do vídeo, o primeiro golo de Chaínho no FC Porto:


E aqui, por volta dos trinta segundos do vídeo, um golo pelo FC Porto ao Sporting:

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